quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O sonho e o sono


O sonho, o irmão do sono, é um estado psicofisiológico que nos agita enquanto temos os olhos fechados.

Aleméon, de Crotona, chamou-lhe "o receptáculo do pensamento".
Marguerite Yourcenar declarou que, "o espírito de quem nunca sonhou seria puramente igual a um quarto a que faltasse a abertura mágica de um espelho".
Erick Fromm afirma que “o inconsciente só o é em relação ao estado normal de actividade” e que “são simplesmente estados mentais diversos, que se referem às modalidades existenciais diferentes.”
Para Freud, o sonho relaciona-se com o passado e o presente de quem sonha e origina-se a partir de regiões desconhecidas no interior. Para ele, os sonhos seriam a realização de um desejo inconsciente que o indivíduo não conseguiria realizar durante a vigília.
A escritura Sagrada refere-se frequentemente a visões nocturnas, existindo a oniromância – a explicação dos sonhos – desde a antiguidade. Lá vem escrito no livro de Job: «Durante os sonhos, nas visões da noite, quando os homens estão cheios de sono e dormem nos seus leitos, é então que Deus lhes abre os ouvidos e os adverte e instrui do que devem saber, para assim os afastar do mal que fazem e livrá-los do orgulho – para afastar a corrupção da sua alma e salvar-lhes a vida da espada que a ameaça».
Toda a gente conhece o sonho tido pelo Faraó do Egipto – as sete vacas gordas e as sete vacas magras pastando nas margens do Nilo – a definição que dele deu José, salvando assim, a sua vida.
Entre os egípcios existia um explicador oficial, a que por isso, chamaram Jannés.
Transmitida a sua ciência aos gregos, também eles a acataram e seguiram. Aquilles de Tasso, no seu romance dos amores de Clitophon e de Leucippe, declara que os sonhos descem do céu. Plutarco citou-os frequentemente nas biografias que escreveu.
Nas crónicas do Béarn lê-se que Henrique 1V, sendo ainda criança, adormeceu numa igreja, ao pé do altar de S. Nicolau; sonhou que este santo lhe prometeu a coroa de França.
Hipócrates diz que, enquanto o indivíduo está adormecido, o espírito vela. É ele que se transporta aonde o corpo não poderia ir, vendo tudo que ele veria se estivesse acordado.
O Marquês d’Hervey de Saint-Denis afirmou que os sonhos, por mais excêntricos que sejam, têm sempre uma explicação, das mais lógicas, quando sabemos analisá-los.
Foi a essa análise que Freud dedicou inúmeras horas de estudo interpretativo. O criador da Psicanálise afirmou ser todo o sonho a satisfação de um desejo «a maior parte das vezes escondido nos escaninhos da nossa consciência».
E além de desejo: inquietação, receio, glória, ansiedade, interrogação...
Palavras de Jean Lhermitte: «Há muito a dizer sobre o exagero na interpretação dos sonhos executada pelos psicanalistas. Mas será injusto não reconhecer que o simbolismo não pertence exclusivamente ao domínio onírico, que o encontramos na poesia, nos mitos e na linguagem. A origem arcaica dá conta da universalidade de um grande número de símbolos.
Mas, admitido este ponto, não deixa de ser verdade que Freud e a sua escola deram uma extensão infinitamente larga á explicação simbólica dos sonhos».
Neste trabalho que apresentamos agora, estudamos o antigo e o moderno a interpretação que vem dos mitológicos tempos de Morfeu, o deus do sono, até às investigações científicas de Bergson, Max Simon, R. Dalbiez, Varschide, Ynes Delage, Mourly Vold e outros autores.
Interrogando atentamente este livro - oráculo do subconsciente - cada qual obterá a definição do sonho que sonhou.
Com a interpretação de visões, pesadelos, aparições que lhe povoaram a noite, poderá o leitor erguer uma ponta do véu que tão implacavelmente lhe tem escondido, até hoje, o seu destino. Quantas vezes um sonho é um aviso. Seguir esse aviso é evitar um mal. É vencer o espírito das trevas, trepando pelo caminho que vai ter à Luz.

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